CRIME

Golpe do médico: quem vazou os dados?

Polícia prende golpistas, mas a grande pergunta ainda está em aberto.

02 de dezembro de 2025 - 07:46
Polícia Civil prendeu sete suspeitos.

Polícia Civil prendeu sete suspeitos.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou uma operação contra uma quadrilha cujos integrantes se faziam passar por médicos para pedir pagamentos para familiares de pacientes internados em unidades.

Foram sete pessoas e cumpridos mandados de busca e apreensão no Mato Grosso, Goiás e Rio de Janeiro. A investigação teve início após o registro de seis casos em Porto Alegre e Canoas, no Rio Grande do Sul.

Os golpistas entravam em contato com familiares de pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) de hospitais e alegavam que era necessário realizar novos procedimentos, pedindo valores entre R$ 5 mil e R$ 15 mil das vítimas.

O pulo do gato, que a Polícia Civil ainda não conseguiu desvendar, é de onde os criminosos tinham os dados dos familiares dos internados, que indica uma falha grave de proteção dos dados dessas pessoas. 

“Pretendemos esclarecer com o cumprimento dos mandados de hoje. Com certeza, eles possuem acesso a um banco de dados dos hospitais ou do plano de saúde”, afirma o delegado Eibert Moreira Neto.

Até agora, o que se sabe é que o golpe tem gente pesada envolvida.  A apuração indica que há envolvimento do Comando Vermelho.

O suspeito de ser um dos responsáveis pelo esquema é um preso da Penitenciária Major Eldo de Sá Corrêa, em Rondonópolis. Segundo a polícia, mesmo encarcerado, ele coordenava as chamadas e a logística do golpe. 

No interior da cela que ele ocupa na cadeia, durante investigações, foram apreendidos cadernos com anotações de roteiros do golpe (scripts), dados bancários e números de telefone.

Uma mulher, moradora de Rondonópolis e companheira de um dos envolvidos, atuava como braço direito do comando prisional, operando contas bancárias, gerenciando o fluxo financeiro e utilizando tornozeleira eletrônica, o que denota sua reincidência criminal. 

Outro alvo, também de Rondonópolis, chamou a atenção dos investigadores por possuir 121 chaves Pix cadastradas em seu CPF, o que indica a utilização profissional de contas para pulverizar o dinheiro ilícito.